HENRIQUE DE MAGALHÃES
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1856. Era irmão do escritor Valentim Magalhães, com quem escreveu várias peças de teatro. Não se conhecem outros dados biográficos seus. A data e o local de sua morte são ignorados.
MAIO DE 1888: Poesia distribuídas ao povo, no Rio de Janeiro, em comemoração à Lei de 13 de maio de 1888 / Edição, apresentação e notas de José Américo Miranda: pesquisa realizada por Thais Velloso Cougo Pimentel, Regina Helena Alves da Silva, Luis D. H. Arnauto. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1999. 220 p. (Coleção Afrânio Peixoto, 45 )
Ex. bibl. Antonio Miranda
13 DE MAIO
Inda há pouco as canções doloridas e estranhas
Dos escravos, sangrando o coração da terra,
Iam morrer, além no cimo das montanhas,
Como a voz de um soldado a agonizar na guerra!
Mas eis que dos grilhões a harmonia maldicta,
Regida pela voz do relho que degrada,
Pra sempre emudeceu!... que a Liberdade invicta
Raiou, bem como raia argêntea madrugada!...
Glória ao Brasil! Jamais, sob este céu brilhante,
Cheio de estrelas de oiro e nuvens cor de opala
E púrpura, há de ouvir-se o grito lancinante
De um mísero a morrer em lúgubre senzala!
E dos seios, enfim, da negra mãe chorosa
Não mais se há de arrancar choroso o filho negro!...
Veio, após a Opressão, a Redenção gloriosa,
Como de um funeral, após, rompe um alegro!
E o mercado da carne humana, pelo açoite,
Retalhada, acabou? Até parece um sonho!...
Esta alvorada irial rompeu da torva noite,
Como falena azul de um casulo medonho!
E este país que tanto amei quando criança
E que agora, inda mais eu idolatro e amo,
Que pode agora ter orgulho e ter esp´rança
E que, agora, sem pejo, eu minha pátria chamao!
Ainda ontem pela Escravidão opresso,
Pode ir, — livre, afinal, desse imenso desdouro, —
Às conquistas do Bem, ao Futuro, ao Progresso,
Pela arcada triunfal do século vindouro!
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Página publicada em fevereiro de 2021
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